As pessoas que relutam buscar ajuda têm ideia equivocada sobre a terapia
Publicado em 13/5/2010 no Portal Minha Vida
Foto: Everton Vila/Unsplash
Publicado em 13/5/2010 no Portal Minha Vida
É muito freqüente receber em meu consultório uma pessoa queixando-se do cônjuge, pois acha que ele precisa se tratar, mas não aceita por achar que “não é louco para precisar de terapia”. O casamento está à beira do colapso, o relacionamento está piorando a cada dia -e muitas vezes já vem se desgastando há anos -, mas um deles recusa-se terminantemente a procurar ajuda de um profissional para melhorar a situação.
Assim, quem vai em busca da terapia, geralmente é aquele que tem a visão melhor do que está acontecendo no relacionamento e, portanto, tem mais consciência da necessidade de ajuda. Porém, quando esta pessoa se submete ao tratamento, leva “indiretamente” o cônjuge também, na medida em que traz situações que o envolvem em todas as sessões. Em geral, a pessoa que procura ajuda fica um pouco frustrado por não conseguir convencer o outro da importância e necessidade do tratamento.
Fico me perguntando: por que sofrer tanto, colocar em risco as relações importantes de sua vida e muitas vezes também o trabalho, só para dizer que dá conta dos próprios problemas, por mais que esteja visível que isso não está acontecendo? Orgulho? Preconceito? Que fantasia tão assustadora as pessoas tem da terapia?
O que a terapia pode fazer por você? A terapia é um processo de autoconhecimento, onde o cliente, com a ajuda de um profissional treinado e capacitado para tanto, entenderá os motivos (ou causas) dos problemas que lhe impedem de ser feliz na vida, descobrindo novas maneiras de se colocar em certas situações ou reagir a elas, a partir de uma nova compreensão de seu modo de funcionar emocionalmente.É comum trazermos problemas mal resolvidos da infância, com uma emoção forte que não foi devidamente acolhida ou elaborada à época, que acabam se refletindo em situações atuais, aparentemente sem qualquer ligação com aquele fato do passado.
Quando o problema é compreendido na terapia, é como se uma peça de um quebra-cabeça fosse encaixada, dando sentido a várias outras situações e emoções antes não entendidas. A partir daí a pessoa pode escolher como continuar vivendo, geralmente com mais autenticidade e confiança em si, aprendendo a colocar-se no lugar do outro, assumindo a responsabilidade por suas decisões, tendo mais clareza de seus sentimentos e entendendo o porquê de muitas atitudes que ela tem.
Esse trabalho acontece a partir de um convívio, no mínimo semanal, onde a frequência e a constância desses encontros proporcionarão condições para que a pessoa, dedicando um tempo exclusivamente para si, invista em suas questões emocionais, esforçando-se em resolvê-las e compreendê-las.
Há casos mais graves onde necessita-se do acompanhamento de um psiquiatra para ministrar alguma medicação, o que não deveria ser tão assustador como parece. A medicina está aí para nos ajudar, e se precisarmos usá-la, por que não?
A medicação sozinha apenas diminui ou acaba com os sintomas apresentados, mas a causa deles continua ali, e é este o ponto enfocado na terapia – porque se não entendermos as causas dos problemas, quando pararmos o remédio eles voltarão como antes. Se apenas tomar remédios funcionasse, a tal da “pílula da felicidade” (como foi chamado o Prozac assim que começou a ser comercializado) resolveria todos os nossos problemas, certo?
Portanto, se suas emoções ou dificuldades andam prejudicando suas relações pessoais e/ou profissionais, não deixe de procurar ajuda terapêutica. Vão chamá-lo de “louco”? Louco é aquele que prefere colocar sua felicidade a perder em nome do que os outros vão pensar ou falar. Seja mais você e assuma a responsabilidade por sua saúde emocional!
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