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"Quarenteners” falam sobre sexo virtual

"Achava ridículo, mas é muito bom”


Publicado em Yahoo/Notícias ,06.05.20

Colaboração: Vladimir Maluf (@vladmaluf)



Tem muita gente com a vida sexual congelada por causa do novo coronavírus: casais que estão em casas separadas e, claro, os solteiros. A saída de algumas dessas pessoas tem sido o sexo virtual. O Yahoo! conversou com três delas para saber como está sendo essa experiência. E, se você torceu o nariz para a ideia, dê uma chance ao tema. O sexo virtual pode ser, sim, positivo para a relação e prazeroso — mas, atenção, exige cuidados. Quem diz isso é psicóloga Marina Vasconcellos, psicodramatista e especialista em terapia de casais e famílias pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).


“Os casais que estão separados, por causa do isolamento, podem ser fortalecidos. Muitos estão brigando por estarem o tempo todo juntos, mas, quando você separa, é diferente, dá saudade”, diz Marina. “Ligações de vídeo, conversas eróticas, mensagens picantes, falar pelo telefone, tudo isso é muito saudável. Com certeza, provocará uma reaproximação do casal que está fisicamente afastado. Talvez o renascimento de uma relação adormecida pela rotina. Quando eles puderem se ver, imagine que maravilha vai ser…”


Ainda assim, Marina não recomenda o envio de fotos e vídeos nos quais seja possível reconhecer a identidade de quem está nas imagens — ou seja, que mostrem o rosto ou uma tatuagem, por exemplo. “O celular pode ser roubado ou o atual parceiro pode divulgar isso no futuro. Não é seguro. Melhor evitar.” O cuidado deve ser redobrado quando se trata de brincadeiras eróticas com desconhecidos na internet. Marina considera arriscada a exposição da intimidade — não só de imagens, mas informações pessoais. “Você não sabe quem está do outro lado, o que pode estar fazendo, se está gravando o conteúdo ou quais intenções tem. Se você já conhece a pessoa, tudo bem, é legal e gostoso, mas sempre tomando os devidos cuidados.”


Ela achava ridículo, mas adora sexo virtual


Sexo virtual sempre foi “uma coisa ridícula” para Michele, administradora de empresas, que tem 38 anos e prefere não revelar o nome verdadeiro. Começou a quarentena e ela e o crush resolveram que era mais seguro aguardar o período passar para terem um novo encontro. “A gente estava junto há quatro meses, quando tudo começou. Muito cedo para um ir para a casa do outro e nem eu nem ele moramos sozinhos.” Os dois ficaram trocando mensagens, como de costume, até que um dia o papo esquentou.


“Ele me mandou um nude e, na hora, eu achei só engraçado, meio bobo. Depois, o papo começou a ficar quente e ele mandou um vídeo dele, se masturbando. Aí, eu entrei no clima.” A partir daí, eles passaram a trocar pequenos vídeos e fotos e dizerem coisas que um gostaria de fazer com o outro.


“Sou muito encanada de mandar foto e vídeo, mas não deixei aparecer o rosto nem nada da minha casa que pudesse me identificar”, conta Michele. “Fui deixando rolar e, quando vi, estava excitadíssima com aquela situação, muito mais do que poderia imaginar. Resolvi fazer uma ligação de vídeo e ambos gozamos com o outro assistindo. É muito bom. Depois dessa, já fizemos de novo.”


Sexo virtual e casual


Ficar em casa sozinho também estava sendo sexualmente entediante para Gabriel, nome fictício. O professor de inglês de 39 anos não estava se relacionando com ninguém, ultimamente, por isso, nem os papos quentes estavam rolando. “Eu resolvi continuar os matches do Tinder e, de lá, trouxe vários contatos para o WhatsApp. Como os solteiros estão todos na mesma, muita gente quer fazer ligação, com e sem vídeo. Aí, já viu, né?”


O “já viu” de Gabriel significa que já rolou tomar vinho, strip tease, brincadeiras com sex toys... Sexo virtual, mas tudo à distância. “Eu já tinha feito sexo virtual nos tempos do ICQ, que nem foto a gente mandava. Só texto e, às vezes, ligações. Eu curto essas coisas. Já transei várias vezes por telefone com uma ex-namorada, também, só pelo prazer, não havia necessidade de distanciamento obrigatória, como agora. Mas fazia muito tempo que não rolava.”


Para Gabriel, é engraçado que fosse uma prática tão incomum na vida dele, até então, sendo que há muito mais tecnologia hoje do que no passado. “Sinto que era bem mais comum antes do que agora, na minha opinião. Não tem muita lógica isso, pois, 20 anos atrás, não tinha smartphone, câmeras, WhatsApp… Hoje em dia, que todo mundo pode fazer ligação por vídeo, é mais raro conhecer mulher que curta esse tipo de coisa. Só agora, na quarentena, que está todo mundo subindo pelas paredes.”

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