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  • Marina Vasconcellos

Cuidar da saúde física e emocional exige tempo, determinação e disciplina

Toda escolha implica em perda.


Publicado no site Minha Saúde online, 16.0.16.


Faço exercícios físicos seis vezes na semana. Mas quem disse que acordo cedo com aquela “super disposição” e saio da cama feliz e serelepe para os treinos? É difícil, em especial no inverno, mas venço a preguiça e levanto, pois sinto os resultados e sei que são compensadores.


Dr. Dráuzio Varella escreveu um texto sobre “A preguiça humana” que gosto bastante. Lá ele diz como o ser humano é preguiçoso e sedentário por natureza, e que todos nós temos que nos esforçar para exercitar o esqueleto com a frequência necessária, já que isso não é “natural” do Homem.


Sabemos os benefícios da atividade física regular para o ser humano em todos os sentidos, desde o físico ao mental e espiritual. Porém, infelizmente uma grande parcela da população ainda não se convenceu da necessidade de criar essa prática, deixando-se vencer pela preguiça e falta de disposição para alterar alguns hábitos que precisam ser adequados para a realização dela.


A prática de exercícios exige de nós disposição, dedicação, disciplina e persistência, variáveis que muitos não conseguem desenvolver. Não raro vejo em meu consultório ou mesmo fora dele pessoas reclamando de seu sobrepeso, mas ao serem questionadas do porque de não conseguirem emagrecer, dizem que é difícil acordar cedo ou manter uma rotina de treinos, não querem deixar de consumir guloseimas tentadoras ou beber aquela cerveja irresistível de forma mais regrada. Enfim, é a lei do mínimo esforço e a falta de disposição para abrir mão de certos prazeres imediatos (sem entrar aqui em causas emocionais para lidar com a questão e o que ela pode significar, pois isso daria outro texto).

Toda escolha implica em perda. Não há exceção a essa regra: se você opta por algo, necessariamente está deixando outra coisa de lado. Se sua escolha é treinar pela manhã, terá que dormir cedo e não beber, o que não combina com festas até altas horas regadas a álcool. Mas o problema está em querer “tudo”, sem abrir mão de nada, o que é praticamente impossível. Não perder, aqui, não cabe.


O mesmo pode-se dizer da saúde emocional, que nos exige coragem para enfrentar certos desafios e escolhas que a vida nos apresenta. Por exemplo: deixar um relacionamento amoroso onde se foi muito feliz em vários momentos, mas que não o completa mais por inúmeras razões, pode não ser tão fácil, e a grande maioria das pessoas permanece em relações que já acabaram, onde não há mais amor, por falta de coragem para arriscar-se, medo da solidão e do desconhecido, medo de se arrependerem da decisão e não poderem mais voltar atrás.


Não é fácil abrir mão daquilo que já conhecemos, mesmo que não estejamos mais nos sentindo felizes. O desconhecido assusta, às vezes apavora. Lidar com as mudanças necessárias à nova vida requer força, maturidade, disposição para aprender e sofrer – porque toda separação provoca necessariamente a elaboração do luto da perda, e a tristeza, por um período, será inevitável. Enfrentar as pessoas, os julgamentos alheios, os sentimentos mais variados que podem surgir vindos das pessoas próximas afetadas pela decisão, tudo isso dá trabalho e exige coragem. Sim, coragem para lidar com tudo o que estará por vir e bancar a escolha.


Mas há o outro lado que as pessoas parecem não levar em conta: ao sair de uma situação de tensão ou frustração, de desamor, de conflitos, em geral uma sensação grande de alívio vem em seguida, abrindo um novo leque de possibilidades na vida. Se as pessoas aproveitassem esse momento para descobrir a si próprias, entrar em contato com seus sentimentos mais profundos e descobrir o que podem aprender com os erros, teriam uma grande chance de crescimento pessoal decorrente desse processo.


Cuidar-se dá trabalho, em todos os sentidos, mas temos que aprender a abrir mão de certas coisas em função de outras escolhas. E afirmo com toda a convicção que, se algo dentro de você está “dizendo” que é hora de mudar, não deixe de ouvir sua voz interior. O resultado pode ser surpreendente!




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