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Imprensa

Como agir se seu filho adolescente namorar uma pessoa mais velha

Publicado no portal UOL, 31.05.13


Imagem Rantaimagens via Freepik

Conversar. Essa atitude é unanimidade entre os especialistas em comportamento adolescente ao serem questionados sobre como os pais devem reagir quando os filhos se relacionam com pessoas mais velhas.


E conversar foi exatamente o que a atriz Claudia Raia fez quando soube do envolvimento de seu filho, Enzo, de 16 anos, com Nicole Bahls, 27, uma das assistentes de palco do programa "Pânico na Band". Segundo entrevista da atriz ao portal do jornal "O Globo", ela se tranquilizou após ter conversado com o rapaz. Claudia considerou o interesse do garoto por Nicole natural tanto pela idade dele, quanto pelo fato de ela ser uma mulher muito atraente.


Outro pensamento compartilhado pelos especialistas ouvidos pelo UOL Gravidez e Filhos é a ineficácia da proibição por si só, afinal os adolescentes, geralmente, estão preparados para contestar.


A psicóloga Mônica Bühler, especialista em psicologia clínica, explica que os adolescentes são imediatistas e podem recorrer ao relacionamento com uma pessoa mais velha como forma de agredir e desafiar os pais ou até por carência e transferência de afeto. Mônica enfatiza que proibir essa relação é a pior forma de lidar com ela. "Quando o jovem ouve um não, ele tem sua vontade aguçada", afirma.


Para Caio Feijó, mestre em psicologia da infância e da adolescência, a diferença de idade nos namoros adolescentes não deve ser tratada como um problema, já que, hoje em dia, o que define a maturidade não é mais a faixa etária e sim o desenvolvimento psicossocial.


"Um jovem com 16, 17 anos pode ter a cabeça superequilibrada e atrair uma pessoa mais velha por isso", diz Feijó. "Também acontece o inverso, de haver pessoas de 28 anos com um comportamento infantilizado", completa. O psicólogo acrescenta que, socialmente, essas ligações enfrentam muitas críticas e a psicologia não tem uma resposta exata se podem ser saudáveis ou não.


A questão principal que envolve a relação entre pais e filhos adolescentes está no diálogo. É preciso ser presente e se envolver com a vida do jovem para conseguir lidar com o relacionamento dele.


De acordo com Sandra Vasques, psicóloga e educadora do Instituto Kaplan, organização não governamental de estudos sobre a sexualidade humana, quando não existe essa relação de cumplicidade entre pais e filho tudo se complica, porque, no momento em que o adulto questionar o relacionamento do jovem, este verá a conversa como uma cobrança.


"Os pais têm de conversar diariamente e se interessar pelos assuntos dos filhos", diz Sandra, que reforça a necessidade de se dar responsabilidades aos jovens, assim como deixar que eles percebam as consequências de seus atos. "A comunicação tem de ser sempre positiva e os pais não devem reprovar o romance de cara, e sim procurar entender como o jovem se sente com aquele relacionamento", afirma Sandra.


Estar por perto e conhecer os ambientes frequentados pelo adolescente e seus amigos também são atitudes necessárias para um relacionamento saudável entre pais e filhos. Trazer as pessoas que convivem com o jovem para dentro de casa permite aos adultos observar melhor a relação.


Caio Feijó afirma que é fácil para aqueles pais que têm o hábito de supervisionar o que acontece no dia a dia do filho perceber se o namoro está influenciando negativamente na vida do jovem. "Vários sinais indicam se há uma mudança negativa, como começar a beber e a fumar e o desinteresse pelas coisas da família."


Para esclarecer definitivamente qualquer inquietação que um relacionamento porventura cause, a melhor tática é conhecer a família do namorado ou namorada do adolescente. "Marcar um almoço para reunir as famílias é uma boa ideia para observar a dinâmica familiar dessa pessoa, trocar informações e com isso saber se o jovem quer mesmo ir adiante com o relacionamento", finaliza o psicólogo.

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