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Casais relatam os benefícios e os perigos do treino a dois

Publicado na Revista "The Finisher", Edição abril/maio 2013.

CASAL QUE CORRE UNIDO

...permanece unido. E leva pra casa a sintonia de quem compartilha ois mesmo objetivos (além de melhorar o desempenho).


Depois da segunda gestação, a professora universitária Ediléia Diniz decidiu apostar na corrida para recuperar a forma. Foi conquistada pelo esporte e por um novo estilo de vida, muito mais saudável. Enquanto isso, seu marido não desgrudava do sofá e sempre inventava uma desculpa para não calçar os tênis. "Um dia, levei-o para o parque e disse: 'Só volte daqui a meia hora, e de preferência bem suado.'" , conta. Alexandre Abreu - o marido - obedeceu. E também tomou gosto pela coisa. Entrou para uma assessoria esportiva e se tornou o principal incentivador da esposa.


O reflexo no relacionamento foi instantâneo. Correndo lado a lado, os dois passaram a se entender melhor, ser mais tolerantes, ter mais cumplicidade. Entraram definitivamente em sintonia. No ano passado, comemoraram 15 anos de casados em grande estilo: completando juntos os 15 km da São Silvestre, um sonho de infância de Ediléia. Agora treinam para um desafio ainda maior: correr uma meia maratona em julho. "Aliar a corrida ao nosso dia a dia faz toda a diferença, pois conseguimos manter os hábitos saudáveis e ainda temos um tempo só para nós", afirma Abreu. "Mesmo que às vezes nosso paces diferentes, sempre há uma oportunidade para corrermos juntos, seja no começo dos treinos, nos longões ou durante as provas. Nossos objetivos no esporte e em casa ficaram bem mais afinados."


PAIXÃO COMPARTILHADA

O exemplo do casal paulistano não é exceção. A corrida tem tudo para ajudar a melhorar e amadurecer um relacionamento. A psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em terapia familiar e de casal pela Unifesp, explica: "Correr com o cônjuge, além de ser estimulante, envolve questões como a cumplicidade e o companheirismo. É um momento de relaxamento e investimento em cada um, no qual ambos se motivam mutuamente. Além disso, o ritmo de vida do casal fica parecido, o que proporciona mais períodos juntos."


O psicólogo Ailton Amélio, professor do curso de comunicação Não-Verbal e de Relacionamento Amoroso no Instituto de Psicologia da USP, concorda. "O casal que treina junto tem mais momentos de interação, o que leva a uma maior proximidade. Só o fato de realizarem atividades compartilhadas já é um bom sinal. Mostra que tem algo em comum - e esse é o princípio que rege o casamento. Estudos revelam que a maioria dos casais que dão certo tem algo em comum, como cultura, valores, faixa etária, raça", afirma.


Não foi nada fácil para a empresária Christina Massis, dona de três cafeterias em São Paulo, perceber isso. Após algumas experiências frustradas com parceiros sedentários, entendeu o que procurava: alguém que, como ela, valorizasse uma rotina saudável, não fumasse e dividisse a paixão pela corrida.


Em 2006, por meio de sua assessoria esportiva, conheceu o também corredor Celso Della Torre, sócio de uma administradora de condomínios. Começaram a treinar juntos, a fazer algumas provas e, em uma ano e meio, já estavam subindo ao altar. "Foi a corrida que nos aproximou e revelou muitas outras afinidades, como o gosto por hábitos saudáveis e a busca da longevidade", conta Christina. "Temos uma rotina de trabalho estressante, então é nos treinos que encontramos e temos nossos momentos de lazer. Os dois saem dali se sentindo muito melhor, e isso nos une ainda mais. Aproveitamos as provas para viajar e conhecer novos lugares."


NEM SEMPRE É FÁCIL

Mais do que treinar, correr uma prova juntos leva o casal a um estágio único. É uma experiência em que eles estabelecem uma meta em comum e, para alcançá-la têm de se ajudar, respeitar seus limites, puxar o outro para cima nas horas delicadas", diz Ailton.

O compartilhamento se situações de superação e conquista cria uma ligação especial entre os envolvidos. Imagine então quando se trata de uma corrida de alta exigência, com um trajeto de quase 100 km a ser percorrido em 3 dias na Cordilheira dos Andes. Os namorados Miguel Mitne e Tessa Roorda, juntos há 11 anos decidiram encarar esse desafio em 2013 - e participaram, em fevereiro, do El Cruce Columbia.


"Competir junto com alguém é um exercício que põe tudo à prova. Você passa por situações extremas, conhece seu parceiro a fundo, aprende a conviver, a respeitar mais. Não é fácil, às vezes dá vontade de jogar tudo para o alto. Mas se um souber escutar o outro, é uma experiência que contribui muito para o amadurecimento da relação", diz Tessa, que ao lado de Miguel, conquistou o 3º lugar geral entre as duplas que disputaram o Cruce.

ARMADILHAS A DOIS

Casal deve evitar discutir relação e excesso de competição


Aliar o casamento a corridas reque alguns cuidados. " O casal não deve usar esse momento para discutir a relação ou criticar o outro. Isso invalida os benefícios do exercício: eles passam a associar uma atividade que deveria ser prazerosa com um momento ruim, o que desestimula os dois", alerta Ailton Amélio.


Competição em excesso entre o casal estraga tudo. A intenção é incentivar e auxiliar o outro, motivando-o para encarar a rotina de exercícios. O casal deve estar no mesmo patamar na hierarquia dos papéis, ninguém é melhor que ninguém e cada um tem seu ritmo, seu potencial e seu tempo", ensina Marina Vasconcellos.


Também é preciso checar se o treinamento em conjunto não é uma forma de controle, de fazer com que o outro seja obrigado a estar por perto o tempo todo. "Isso caracterizaria uma relação doentia - muitas vezes trata-se de ciúme patológico. Nesse caso, é totalmente insalubre a prática de exercícios juntos", conclui a psicóloga.



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