Publicado no Diário da Região - Revista Bem-Estar, 27.01.12
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Quando você se gosta de verdade, melhora sua capacidade de amar e ser amado.
“A consciência de amar e ser amado traz um conforto e riqueza à vida que nada mais consegue trazer”, disse o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900). Talvez seja por isso que nós, seres humanos, vivemos na eterna busca por um amor de verdade.
O problema é que nem todos conseguem encontrar a pessoa certa e estabelecer uma relação duradoura. Isso pode fazer com que a autoestima despenque, dificultando ainda mais o processo de vir a encontrar realmente essa cara metade: a alma gêmea.
Para o sexólogo e consultor de educação sexual Marcos Ribeiro, as pessoas que têm esse tipo de dificuldade devem, antes de mais nada, se conhecer e cuidar delas mesmas. “Uma pessoa que está bem consigo mesma tem maior possibilidade de encontrar o amor”, diz.
Uma regra básica é o amor próprio. Isso vai ser importante para a vida toda e fazer com que se sobressaia em todos os campos.
A falta de satisfação pessoal e ausência de autoestima fazem com que homens e mulheres “boicotem” as próprias escolhas, sem entender como alguém pode amá-los se eles mesmos se sentem um lixo. “Para que possamos ter o amor de outra pessoa, precisamos, antes de mais nada, nos amar, entendendo nossas virtudes e compreendendo nossos defeitos.”
O grande problema é quando uma pessoa atribui à outra a sua felicidade, sendo que, na verdade, ela está em si mesma. Quando você acha que o outro é capaz de fazer você ser feliz, de colocar um sorriso nos seus lábios, está colocando muito peso no ombro dessa outra pessoa. “Temos de buscar a felicidade dentro da gente, sabendo que somos capazes, e nos capacitarmos para tal”, diz o sexólogo.
Quando gostamos pelo menos um pouquinho de nós mesmos, o rosto muda e fica sereno, o franzido da testa sai, o ar fica mais leve e as outras pessoas com certeza irão olhar para nós.
E é importante dizer que a partir daí não existem regras. Você pode gostar de alguém que pode ser o mais bonito, o mais feio, o que tem muito dinheiro ou nenhum, o que está sarado ou o que está meio fora de forma. As qualidades que o amor verdadeiro procura não são essas.
E como saber se chegou real- mente essa hora? Ribeiro afirma que não existe receita. Na hora em que você vir uma pessoa, olhar para ela e perceber que o coração bateu um pouco mais forte, for para casa pensando nela, ou ligar apenas para ouvir a voz e desligar o telefone, essa pode ser justamente a pessoa que você estava procurando, o amor da sua vida, a pessoa que sempre esperou.
O médico psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py, autor de livros como “Saber Amar” e “A Felicidade é Aqui” (ed. Rocco), afirma que, para ser saudável, toda relação de amor começa pela autoestima. Se você não se ama, como poderá amar outra pessoa?
É importante, portanto, estar atento para a importância de desenvolver a autoestima, assim como a capacidade de amar. Desta forma, será mais fácil atingir os objetivos, principalmente no sentido de sermos mais felizes.
O amor saudável é o que vai sendo construído aos poucos, quando você ama alguém e essa pessoa o ama de volta. “Cada um vai acrescentando um pouco à relação. É como construir uma parede com tijolos. Neste sentido, o amor vai crescendo porque vai sendo alimentado, nutrido por ambos”, explica Py.
Para merecer um amor você precisa amar também, e como você vai amar alguém se você não se ama? O ponto de partida do amor é sempre a autoestima. Se você se ama, você aumenta em muito a chance também de ser amado.
A psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em psicodrama terapêutico, psicodramatista e terapeuta familiar e de casal, afirma que até é possível gostar de alguém e fazer com que essa pessoa goste de nós sem que gostemos de nós, mas o relacionamento não estará pautado em algo sólido, sendo frágil e passível de interferências externas a qualquer momento, já que a pessoa que não se gosta depende muito da opinião e reconhecimento dos outros para sua existência.
“Deixamos de nos cuidar como deveríamos, não lutamos pelas coisas que gostamos, por não nos acharmos merecedores daquilo, submetemo-nos à vontade dos outros por considerá-los mais que a nós mesmos”, diz Marina Vasconcellos.
Autoestima gera tolerância
O remédio para recuperar a autoestima perdida, de acordo com o médico psiquiatra Luiz Alberto Py, é a tolerância. É ela quem nos ensina a lidar com nossos erros.
Mas isso exige que sejam desmistificados os falsos valores aprendidos, os conceitos de perfeição que nos impõem o sucesso como condição para gostarmos de nós mesmos.
É preciso atenção e paciência para, aos poucos, reaver a capacidade de nos querermos bem, independentemente de quem somos, se somos ou não os melhores, os mais bonitos ou mais inteligentes.
Quando desenvolvemos a capacidade para tolerar nossos erros, percebemos que essa atitude reforça a autoestima, a qual, por sua vez, contribui para aumentar a tolerância, gerando um círculo virtuoso que melhora de modo contínuo a relação que temos conosco. Agindo desse jeito, revigoramos o amor próprio. (GB)
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