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Terapia de casal salva o relacionamento? Entenda quando ela pode ajudar

Publicado em UOL/ VivaBem Por: Márcia Di Domenico

A vida em isolamento para evitar a transmissão da covid-19 não está fácil para ninguém. Para muitos casais, então, compartilhar o dia a dia de forma tão intensa tem sido um verdadeiro teste de sobrevivência do relacionamento.


"Casais que antes se encontravam apenas de manhã, à noite e nos fins de semana agora estão tendo que conviver 24 horas por dia e sem opção de válvulas de escape, como encontrar os amigos ou jogar futebol uma vez por semana", fala o psicólogo Thiago de Almeida, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) e especialista em psicoterapia de casal. "Essa hiper convivência, somada ao medo e à insegurança trazidos pela pandemia, deixa todos à flor da pele, amplifica as emoções e pode mesmo gerar brigas e levar a separação."


Embora não haja números que demonstrem crescimento significativo no número de divórcios no Brasil durante a pandemia, a percepção tanto de psicólogos que mantiveram os atendimentos virtualmente quanto de advogados que cuidam de processos do tipo (sem contar os relatos de amigos e amigas em crise no relacionamento) é de que os conflitos conjugais escalaram desde o início do confinamento e o número de separações está em alta.


As buscas no Google confirmam: a pergunta "como dar entrada no divórcio" foi 82% mais pesquisada em março no país em comparação com os meses anteriores, enquanto "divórcio online gratuito" registrou quase 10.000% de alta, de acordo com o site.


Quando a terapia de casal ajuda?

Assuntos ligados à rotina da casa e da família, como a divisão das tarefas domésticas e a educação dos filhos, e questões ligadas à sexualidade, como ciúme e falta de vontade de transar, estão entre os principais motivos de que levam os casais a buscar ajuda psicológica, tanto antes da quarentena quanto agora. Vale lembrar que a terapia de casal também pode ser realizada online.


Para os especialistas, o que está por trás dos conflitos é quase sempre a falta de disposição para sentar e conversar. "É muito comum que os parceiros vivam anos juntos sem conhecer realmente o outro ou saber o que ele pensa sobre determinado assunto porque se acomodaram nesse formato", observa a psicóloga Marina Vasconcellos, especializada em terapia de família e casais. Com o tempo, essa falta de intimidade pode custar caro às relações, ainda mais em um período em que estamos todos mais sensíveis, confusos, impacientes e sob pressão. "As sessões mediadas por uma pessoa neutra, o psicólogo, dão a chance de cada parte do casal expressar o que sente e ser escutada pelo outro, o que nem sempre acontece no dia a dia porque as conversas acabam virando briga ou sequer há diálogo", acrescenta Vasconcellos.


Para quem tem preguiça de pensar no tempo que um processo terapêutico pode demorar para trazer resultados, uma boa notícia: dependendo do caso, duas ou três sessões em casal podem ser suficientes para colocar as coisas no eixo, já que o objetivo é focar em conflitos específicos da relação a fim de impedir que se tornem crônicos.


Às vezes não dá para reconciliar

Ao decidir procurar um terapeuta, os casais podem achar que assim vão salvar o casamento da separação. Porém, esse não é o único fim possível. "O psicólogo não é guru do amor nem tem o poder de unir ou separar ninguém", avisa Almeida. "O que ele vai fazer é ajudar o casal a compreender a responsabilidade de cada parte no sucesso e no fracasso do relacionamento", diz.


Para Maria Isabel Wendling, professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), o objetivo da terapia é buscar o crescimento como casal sem abrir mão de uma individualidade também feliz. O processo de ajustar o que não está bom na relação pode ser sofrido, gerar conversas difíceis e levar à conclusão de que as divergências são mesmo irreconciliáveis. "Na terapia de casal a alta ocorre com o casal junto ou separado, mas com os dois satisfeitos com a decisão tomada", afirma a psicóloga.

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