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Imprensa

Sentir inveja é normal. Saiba até que ponto é normal se comparar com os outros

Publicado em Yahoo/Vida Estilo, 13.04.21 Por: Thamires Andrade


Foto: Getty images

Desde a era das cavernas o ser humano se compara com os colegas. É ao observar os outros que aprendemos como devemos nos comportar em determinadas situações. No entanto, com o advento da tecnologia e das redes sociais, esse hábito ficou ainda mais comum e pode trazer uma série de malefícios para a autoestima de quem não consegue evitar pensar que a grama do vizinho é mais verde.


"Comparar-se com as outras pessoas e até mesmo invejá-las é natural, mas se você está obcecado com os próprios defeitos em vez de focar nas áreas em que se destaca, está se concentrando na coisa errada. Essas comparações poderão prejudicá-lo e até mesmo impedi-lo de tomar as rédeas em vários aspectos da vida. A comparação constante com os outros diminui a autoestima e faz com que você se sinta mal consigo mesmo", explica Carla Guth, psicóloga, psicopedagoga e especializada em família e construcionismo.


"Sem dúvida as redes sociais maximizam as comparações, pois elas trazem à tona todos os dias representações idealizadas vindas dos meios de comunicação que afetam diretamente a autoestima e nossa autoimagem de forma negativa. Pois deixamos de ter nossas próprias referências para assumir outras que nem sabemos se, de fato, tem a ver com nossa realidade e valores", complementa Carla.


O maior problema da comparação em excesso é que a pessoa acaba tendo a autoestima prejudicada. “É muito nocivo se comparar, pois você supõe que o outro experimenta a completude, o ideal e que você sempre fica aquém. Se a pessoa compara seu corpo com o de outra pessoa, por exemplo, isso pode levar a transtornos alimentares, como compulsão alimentar. No fim das contas, não há um aspecto positivo na comparação, visto que cada um tem o seu roteiro/caminho para alcançar a satisfação no mundo”, explica Gabriela Malzyner, psicóloga e professora do curso de formação em psicanálise (CEP/SP).


Pandemia acelerou a comparação

Segundo Carla Guth, a pandemia contribuiu para aumentar a quantidade de pessoas que já acorda se comparando com aquele monte de gente que, nas redes sociais, parece ter conseguido transformar a quarentena em um período para ter uma vida mais saudável, comer melhor, se exercitar e ser mais produtivo no trabalho.


“Muitas pessoas criaram uma idealização a partir desta comparação e passaram a ter referências que elas mesmas não conseguem manter. A realidade pós-Covid-19 mexeu, inclusive, com os conceitos de rotina do dia a dia. O que não pode acontecer é perder o controle e essa comparação excessiva se tornar muito mais um freio e/ou ilusão do que um motivador para as realizações diárias. É importante ficar de olho em como estamos nos sentindo para não deixar os pensamentos e os sentimentos saírem do controle”, explica.


Mas quando que é exagero?

O maior sinal de que a comparação está sendo excessiva, segundo as especialistas ouvidas pelo Yahoo, é quando a pessoa deixa de olhar para a própria vida e só quer imitar e se preocupar com o outro e as demais opiniões externas. "Quando você começa a perder muito tempo se preocupando demais com o referencial do outro, é um sinal de alerta pois você não é a pessoa com quem você se compara", explica Carla Guth.


“Quanto mais tempo gasto rolando o feed sem fim, olhando tudo que todo mundo está fazendo é ficar preso na vida dos outros. Você deixa de estudar, de trabalhar, de investir em você, aumentar sua cultura e às vezes deixa de cuidar da própria saúde para ficar olhando para o outro”, destaca Marina Vasconcellos.


Como evitar a comparação em excesso?

Uma das dicas para evitar esse comportamento é sair um pouco das redes sociais. “Dependendo do caso, vale desligar as notificações, reduzir o tempo nas redes ou começar a seguir pessoas diferentes. Mas se o caso estiver mais sério, ficar um tempo desconectado pode fazer bem, já que você pode focar seu tempo em coisas que você gostaria de fazer”, indica Marina.


Gabriela Malzyner destaca que é importante compreender que o tempo gasto nas redes e quem se vê é uma escolha particular que precisa ser preservada. “Tenho pacientes que falam de constrangimento ao parar de seguir alguém, mas as redes sociais é o nosso campo de intimidade. Por isso, você pode e deve selecionar e deixar apenas quem te faz bem”, afirma.


Por fim, se você não estiver bem com esse comportamento, a terapia pode ser um bom caminho, visto que durante a sessão você se vê obrigado a olhar para si e não para a questão do outro. “Quando nos damos conta que está difícil conseguir a busca de aceitação e a busca dos próprios ideais, é muito importante buscar ajuda. Pois nosso processo de se autossabotar fica mais presente. Vamos perdendo a capacidade de construir caminhos próprios”, finaliza Carla.


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