A correria e a prioridade em relação aos cuidados com a criança podem afetar o relacionamento, mas é possível dar a volta por cima
Publicado em Minha Vida, 09.12.19
Por: Redação
Mesmo que não seja o primeiro filho do casal, a chegada de um bebê na composição de uma família muda completamente a rotina. E modifica também o comportamento da mulher, que passa por uma série de alterações hormonais e acaba não tendo interesse em relacionamento afetivo ou sexual por um tempo.
“A natureza é sábia e faz os hormônios – ocitocina, o hormônio do vínculo; e dopamina, o hormônio do prazer não relacionado a desejo sexual – e a energia da mulher ficarem voltados para o bebê, porque ele precisa de cuidados. Fisicamente, ela é muito exigida. É ótimo para o bebê, mas coloca o relacionamento de lado temporariamente”, afirma a psicóloga e terapeuta de casal e familiar Marina Vasconcellos.
Débora Pádua, sexóloga e fisioterapeuta pélvica, acrescenta a esse “coquetel hormonal” a presença da prolactina, acionada para a produção de leite e que tem como efeito colateral a diminuição da excitação e da lubrificação da mulher. “A produção de leite e as noites mal dormidas para cuidar do bebê, que acorda várias vezes, deixam a mulher exausta. Ela não fica muito disponível para o parceiro ou para o sexo”, diz.
Isso, observa a especialista, “pode causar atrito entre o casal, pois o homem não tem alterações hormonais e a vida dele, por mais que ajude a mulher, continua muito parecida com como era antes do nascimento; ela tem o componente físico, e ele não.”
Mas não é regra que a causa do esfriamento do relacionamento amoroso-sexual seja sempre a entrega da mãe aos cuidados com o filho. Um componente relevante nesse cenário é a importância que o próprio casal, como time, dá ao que está acontecendo. É o que conta Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo especialista em sexualidade: “Muitos casais buscam engravidar. Se o projeto era ter um filho e conseguiram, o sexo deixa de ser importante para o casal. E também precisamos considerar que, com a vinda do filho, ambos terão muito mais o que fazer do que preparar o ambiente para o sexo.”
Dicas para reconstruir a conexão entre o casal depois da chegada do filho
Independentemente dos motivos que levaram a um distanciamento entre o casal, é importante ter em mente que isso é temporário, passageiro, e em alguns meses – no máximo um ano, o primeiro ano de vida do bebê – tudo pode voltar ao normal. E os dois podem e devem tomar atitudes para construir novamente uma conexão emocional e física-sexual.
Com a ajuda dos especialistas consultados para esta matéria, trazemos aqui três dicas para facilitar a aproximação dos dois. Confira!
Sair em um encontro romântico
Depois de um período de dedicação total ao bebê, uma boa ideia é que o casal saia em um encontro romântico, como nos tempos de namorados ou de antes do nascimento do filho: cinema, jantar, umas horas em um motel com direito a quarto decorado. Para que isso seja possível, parentes ou amigos podem ser acionados para cuidar do bebê por algumas horas.
Ter cuidado com a saúde íntima da mulher
Por causa dos hormônios mencionados anteriormente, é possível que a mulher não tenha lubrificação suficiente nas primeiras relações sexuais. Para que as penetrações não causem dor e não acabem minando a possibilidade de futuras transas, é indispensável o uso de um lubrificante à base d’água nas primeiras vezes.
Reservar momentos para conversas em casa
Colocar o bebê para dormir, jantar em casal e conversar sobre a vida e as coisas que têm chamado a atenção são ótimas atitudes para reaproximar o casal – nem sempre é preciso ter sexo envolvido. Uma conversa de adultos sobre assuntos que não envolvam a criança é um ótimo lembrete das razões pelas quais essas duas pessoas formam uma dupla tão boa!